quinta-feira, 18 de agosto de 2011

mil bocas

não sei por que minha mão se fecha abrutalhada no seu pescoço alvo. talvez seja o meu senso de proteção. que quer te dar um lar. quer te amamentar com cachaça e pão de ló. o meu seio sentido, o meu sexto imenso senso, agora seus. não sei se é a morte que te quero enfeitiçar. talvez eu simplesmente a queira, como um dia quis no berço a morte. talvez eu queira te conter, como se contêm o mar. mergulhar, adensar, sufocar, e sair encharcada e sem posses. talvez eu queira te ferver, te ver água partindo lúcida manhã por cima das montanhas longe longe. talvez eu simplesmente queira te amar. mas então não entendo minhas mãos correndo em perigo, nos errados lugares dos lugares antigos. navalhas, socos, unhas levantadas, violências de contenção. eu devia te amar sem mãos, só mil bocas, umidades escusas, cheiros e curvas. as armas não letais que ser mulher me deu.

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